O animismo é uma corrente e uma forma de estar que representa a Filosofia Africana, entendendo-se por Filosofia como uma forma de estar na vida. A discussão sobre esta corrente na literatura remonta mais de três décadas, mas é no âmbito da decolonialidade, a tónica do presente, que se mais fala sobre o assunto. Por decolonialidade entende-se, de acordo com Oliveira &Lucin (2021), o “termo que emergiu da necessidade de ir além da ideia de que a colonização foi um evento acabado, pois entende-se que este foi um processo que teve/tem continuidade, mesmo tendo adquirido outras formas”. (p.98)
Em reacção a essas outras formas de dominação, muitos escritores, teóricos e críticos inscrevem-se numa espécie de vanguarda que se concretiza por via daquilo que Mignolo (2009) designou por “desobediência espistémica” em seu artigo “Desobediência Epistémica, Pensamento Independente e Liberdade Decolonial”.
Mignolo (2009) define o cenário científico em termos de geopolítica e corpo-política para chegar à noção de conhecimentos situados. Coloca uma série de questões que mais parecem interrogações retóricas, visando levar à reflexão quem o procura perceber, a partir do lugar em que ele se quer situar: desobediência epistémica, que “significa desvincular-se da ilusão da epistemologia do ponto zero” (p.26). De acordo com o autor, é preciso conhecer a origem da pessoa, o contexto de fala e o porquê da abordagem e questionar a universalidade do conhecimento.
Certamente, todos os conhecimentos são situados e cada conhecimento é construído. Mas isso é apenas o começo. A questão é: quem, quando, por que está construindo conhecimentos (Mignolo, 1999; 2005 [1995])? Por que a epistemologia eurocentrada escondeu suas próprias localizações geo-históricas e biográficas e conseguiu criar a ideia de conhecimento universal, como se os sujeitos conhecedores também fossem universais? Essa ilusão é difundida hoje nas ciências sociais, humanidades, ciências naturais e escolas profissionais. (Mignolo, 2009, p.26)
Claramente, estando nós a nos mover teoricamente pelo Materialismo Filosófico como um sistema de pensamento, assente conceptualmente em bases como o racionalismo, a crítica, a dialéctica, a ciência e a simploce, tomamos essa perspectiva apenas como um interruptor, o qual accionamos em situações as quais identificamos como ideologias e não como conceitos categoriais. O eurocentrismo é uma atitude acientífica que deve ser analisada à luz da ciência. Em virtude disso, é preciso dizer que, ao fazermos isso, não nos estamos a mover dentro de uma mentalidade afrocêntrica, e sim científica. Existem conceitos tão evidentes, que só nos referimos ao autor por questões metodológicas; outros, como, por exemplo, o de soneto como “texto em versos decassílabos distribuídos em duas quadras e dois tercetos”; o conceito de narrador, personagem, narratário, tempo, são predicações universais. Questiona-se um conceito se se verificar nele insuficiências para a compreensão de um fenómeno, mas isto não é desobediência epistémica. É fazer a ciência funcionar no terreno, a tarefa de qualquer investigador.
É preciso ter a devida noção que a ideia de ficção não torna o texto inútil para a construção do saber ou para resolução de problemas pontuais. O texto literário, em certos casos, pode configurar uma dimensão metatextual dependendo da intenção filosófica do seu autor. Dentro de um universo ficcional ou de um poema, por exemplo, pode-se postular teorias, como o fizeram autores como Fernando Pessoa, em Autopsicografia, e Carlos Drummond de Andrade, em Procura da Poesia.
O primeiro poeta fala, para além de conceituar o poeta, sobre o processo psicológico de criação literária, o acto de inspiração assim como a catarse aristotélica, colocando foco, por fim, na intuição crociana; ao passo que o segundo apresenta as linhas mestras sobre o processo de construção de textos poéticos através da admoestação de comandos de desencorajamento.
O conceito de catarse tem origem no filósofo grego Aristóteles, significando “a purificação das almas”, ocorre em virtude de uma descarga de sentimentos e emoções, provocada sobretudo, lendo a sua Poética, pela visualização de obras teatrais: tragédias ou dramas. A “intuição do sentimento” é a definição de arte pelo filósofo italiano Benedetto Croce (como citado em Eco, 2011, p.13), na sua filosofia idealista e “quando estamos absortos na intuição de uma grande obra de arte, não sentimos uma separação entre os mundos subjectivo e objectivo”. (Cassirer, 1994, p.238)
Fernando Pessoa e Drummond de Andrade são aqui aludidos porque a nossa incursão sobre o realismo animista começa com vários excertos extraídos do romance Lueji: O Nascimento de um Império, de Pepetala, publicado inicialmente na década de oitenta do século passado, no qual o autor sugere metatextualmenteuma revisitação de uma Teoria da Literatura dominada idiossincraticamente pelo pensamento europeu. Tudo começa com um conflito de proporções filosófico-existenciais entre Jaime, movido por uma consciência animista, e Cândido, dominado pelo racionalismo cartesiano.
– Eu sei, Jaime. Por isso te inscreves na corrente do realismo animista…
– É. O azar é que não crio nada para exemplificar. E ainda não apareceu nenhum cérebro para teorizar a corrente. Só existe o nome e a realidade da coisa. Mas este bailado todo é realismo animista, duma ponta à outra. Esperemos que os críticos o reconheçam.
– Questória é essa? – Perguntou Cândido.
– O Jaime diz que a única estética que nos serve é a do realismo animista – explicou Lu. Como houve o realismo e o neo, o realismo socialista e o fantástico, e outros realismos por aí.
– Ainda bem – disse Jaime. – Porque às vezes eu não vejo. Mas isto que andamos a fazer é sem dúvida alguma. E se triunfamos é graças ao amuleto que a Lu tem no pescoço. Ela não quer contar a estória, mas que é um amuleto ela não pode negar.
– Claro que é – disse Lu, muito rápido. – Só que se contar, talvez ele perca o efeito.
– Disparate! – disse Cândido. – Se o espetáculo resulta, é porque vocês todos tinham capacidades e energias até aqui ignoradas, e acreditaram em vocês próprios. Vontade, muita vontade, foi esse o feitiço.
– Ora –interrompeu Cândido. –Andaram vocês a fazer esse esforço todo, a lutar contra tudo e contra todos e agora dão o mérito só a um bocado de pau. Não acham modéstia demais?
– Anarquista e materialista! – disse Jaime. –Já viram o que nos saiu na rifa? E espantem, vindo dos desertos, onde nada se faz sem uma cerimónia sagrada.
– Olha, Cândido. – Interrompeu Lu. Eu também não acredito… não acreditava, agora já nem sei … O certo é que começou tudo a sair melhor. Ou quase tudo…
– Te deu confiança, só isso. Quando se acredita que se consegue fazer alguma coisa, é já meio caminho andado. Mas uma vaca não consegue parir um leão, com todos os amuletos que se lhe ponha no pescoço.
– Ok. Ok. Não te zangues, cada um fica com suas crenças. Mas que só podia ser o realismo animista a contar a estória de Lueji, isso não podes negar. (Pepetela, 2016, pp. 458- 459)
Evidencia-se no diálogo acima duas formas diferentes de percepção dos fenómenos resultantesdas relações antagônicas entre duas cosmovisões: uma de matriz africana e outra, embora o sujeitonão se tenha deslocado física e biologicamente, entretanto, encontra-se deslocado conceptualmente fruto do processo colonial.
Como sabemos, Pepetela não é propriamente um teórico da literatura, mas ainda assim, tem sido apontado como o percursor de uma escola cujo principal teorizador é considerado o sul-africano Harry Garuba, desconhecido por Pepetela(ver em anexo 1), autor do célebre artigo “Explorações no realismo animista: notas sobre a leitura e a escrita da literatura, cultura e sociedade africana”.Entretanto, respondendo a uma das questões do nosso questionário que visava saber se concordava com a ideia de ser ele o percursor,Pepetela (2022) humildemente respondeu:
No “Lueji” pus na boca de um personagem algumas afirmações com que brincava com o Henrique Abranches em relação ao que ele e vários autores escreviam na altura, bebendo no rico fabulário angolano e nos contos tradicionais. Mas nunca tentei teorizar sobre o tema, pois não conheço nem tentei conhecer Teoria Literária. Sempre digo que sou um prático da literatura, não um teórico. (Pepetela, entrevista, 5/7/2022)
Convém-nos advertir que se tem referido a Pepetela como sendo o percursor teórico, e não como o inventor do estilo cultuado por uma gama de romancista espalhados por África e pelo mundo, tais como Wole Soyinka, NgũgĩwaThiong’o,ChinuaAchebe, entre outros. ChinuaAchebe, por exemplo, publicava, em 1958, o seu famoso romance O mundo se despedaça,cuja análise colocámos no apêndice.Terá sido este o livro a inaugurar da escola animista. Importa referir que Pepetela coloca-se à margem de todas essas postulações teóricas e confessou-nos que não se dedica a leitura de teorias e artigos a respeito da sua obra (vide in anexo 1), negando o título de percursor:
Tenho feito o que muitos outros fizeram. Assis Júnior, por exemplo, há um século. À sua maneira, cada um dos autores percebeu a importância que determinadas crenças ou tradições tinham na vida dos seus personagens (ou nas pessoas que influenciaram os seus personagens) e não o esconderam na prosa que escreviam. Daí tantas obras tocando nos “feitiços”, espíritos, deuses, acontecimentos inexplicáveis. Fragata de Morais fez um apanhado de muitos textos ou pedaços de textos em que se abordam essas crenças e atitudes na literatura angolana (“O Fantástico na Prosa Angolana”). Por vezes é apenas superficialmente, mas muitas vezes esse uso do maravilhoso é quase estrutural numa obra. Penso em Anibal Simões, só para dar mais um exemplo. (Pepetela, entrevista, 5/7/2022)
Em entrevista a Aguinaldo Cristóvão, no site da União dos Escritores Angolanos, ao ser questionado se concordava com a classificação segundo a qual “Omakissi são conotados como nota característica do justify mágico”,Henrique Abranches respondeu o seguinte:
Eu acho que não está certo. Não é mágico. Mágico tem outras conotações. No cinema e na literatura americana, o mágico é uma pessoa que faz um gesto e outra pessoa aparece com um chapéu alto. Quem deu o melhor nome foi Pepetela. Pepetela chamou a isso uma vez. Disse que eu havia inventado o realismo animista. É claro que não se pode fazer declarações assim sem um estudo mais sério, mas ele tem muita razão. O que eu faço muitas vezes são estórias à roda de um realismo animista, que é um realismo que anima a natureza. Que, na realidade tradicional, são qualidades animistas. Não são mágicas. Aquilo está baseado em antepassados e em poderes que existem na natureza.(https://www.ueangola.com)
Quando Abranches refere que “Quem deu o melhor nome foi Pepetela. (…) Disse que eu havia inventado o realismo animista” legitima o discurso que apresenta Pepetela como o marco da conceituação da expressão, ainda que este não queira assumir, ademais, o conceito fica implícito em Lueji: o Nascimento de um Império.
O lexema animismo, de acordo o Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa(https://www.infopedi.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/animismo), temas suas raízes no latim e remete-nos à “doutrina que considera que tudo tem uma alma”. Seus componentes lexicais são: “anima” (respiração, principio vital, vida) mais o sufixo “ismo” (que nos remete a uma doutrina religiosa).
Segundo Paradiso (2015), o conceito foi inicialmente desenvolvido por Georg Ernst Stahl, em 1720, para se referir ao facto “de que a vida animal é produzida por uma alma imaterial”, mas viria a ser redefinido pelo antropólogo inglês Sir Edward B. Tylor, em 1871, na obra A Cultura Primitiva (Primitive Culture), significando que “todas as coisas têm anima (alma; espíritos).” (p. 274)
Nos cultos tradicionais africanos, além dos humanos e animais, objectos e plantas também possuem anima – o tambor e a árvore, por exemplo, são até cultuados como seres e divindades. O termo dentro da antropologia é genérico, e justamente por isso é usado, visto que as manifestações religiosas tradicionais africanas, isto é, religiões de milenares etnias, são heterogéneas e complexas, mas com elementos queas unem – sendo a crença no anima uma das mais frequentes. No mundo religioso africano, homens são deuses, deuses são homens, objectos são vivos, humanos viram animais, e as fontes que contêm todas essas assertivas estão nos mais variados mitos, contos, lendas, rezas e oraturas das populações negras africanas. (Paradiso, 2015, p.274)
No domínio dos estudos literários, usa-se o termo “animismo” para se referir à literatura e, de um modo geral, à arte africana, com a finalidade de fundamentar rigorosamente os eventos insólitos, evitando recorrer aos conceitos ocidentais que até certo ponto acabam sendo limitadores em razão da dimensão antropológica dos povos africanos.
Lexemas como fantástico e mágico remetem-nos, à partida, como já referimos em outros pontos, à Europa e à América do Sul na medida em que, segundo Wittiman (2012), referindo-se seguramente ao tradicional africano, na cultura africana, o sobrenatural é natural” e não se pode entender a literatura africana sem compreendê-la como um continente de mentalidade animista.
É sabido que o autor africano, fruto das mudanças drásticas provocadas pelo colonialismo, teve de, em alguns casos, surgir, e noutros, reinventar-se, para puder fazer ecoar a sua voz por via da literatura. Por consequência, não há quem não esteja inserido na tradição literária euro-americana.
Porém, essa obediência a essa tradição literária reflecte-se apenas na forma, pois, o conteúdo é dominado por aspectos idiossincráticos de viés animista, sendo esses os elementos conformadores das particularidades que, no âmbito da taxonomia literária, obrigam uma reanálise das teorias e dos conceitos literários.
Neste sentido, Wittiman (2012) entende que as prosas animistas são relatos que, apesar de se aproximarem do realismo fantástico e do maravilhoso, fazem de suas literaturas uma forma de engajamento histórico e social, um novo modelo a esses já incoerentes conceitos. Quando se fala em fantástico e em mágico, de acordo Wittiman (2012, como citado em Paradiso, 2015, p. 274) se está a referir “a uma visão ocidental, uma vez que, na cultura africana, o sobrenatural é natural.”
Sublimamos a visão de Paradiso (2015, p. 274), quando refere que “não se pode entender a África, tampouco sua literatura, sem compreendê-la como um continente de mentalidade animista”. Quer-se com isto dizer que o animismo abre um universo de significações em que o que pode ser comprovado materialmente e o metafísico actuam no mesmo plano.
Em “Explorações no realismo animista: notas sobre a leitura e a escrita da literatura, cultura e sociedade africana”, Garuba (2012), ao analisar o animismo nas práticas da sociedade africana, esboçando a lógica do pensamento animista, acredita que “o contínuo reencantamento do mundo” é a sua principal característica e chega às seguintes conclusões:
Dentro da visão de mundo animista, como vimos, o mundo físico dos fenómenos é espiritualizado; na prática literária, ela se transforma em uma estratégia de representação que envolve dar ao abstracto ou ao metafórico uma realização material; e no mundo social de relacionamentos humanos e actividade económica e política, os significados de mediação que o pensamento animista postula como moeda de troca social são instrumentalizados, mais frequentemente do que se gostaria, de forma a servir apenas aos líderes e às elites locais. Enquanto as elites tradicionais fazem isso, incorporando os instrumentos da modernidade em práticas rituais tradicionais, as novas elites que controlam o poder económico e político do Estado moderno muitas vezes se apoderam do inconsciente animista com falsos instrumentos culturais a fim de reforçar sua autoridade e legitimidade. (Garuba, 2012, p. 255)
Muitos autores resumem o animismo a uma forma de religião; contudo, é preciso perceber como Garuba (2012, p.239) que, “ao contrário do Cristianismo e do Islamismo, por exemplo, que se referem a religiões particulares, o animismo não indica nenhuma religião em específico”.
Este credo [básico da crença animista] é composto de duas filosofias básicas. A primeira diz que as coisas possuem uma vida própria, e a segunda queeste credo [básico da crença animista] é composto de duas filosofias básicas. A primeira diz que as coisas possuem uma vida própria, e a segunda que, quando suas almas são despertadas, seu sopro de vida é liberado e elas podem migrar para outros objectos. (Garuba, 2012, p.244)
Geralmente, na sociedade animista, fruto do inconsciente animista, aos objectos atribuem-se poderes sobrenaturais, dependendo do deus ou da figura que estes encarnem. Garuba (2012) entende que “os objectos são a manifestação material e física dos deuses e espíritos” e “em vez de erigir imagens esculpidas para simbolizar objecto, dando assim ao espírito uma habitação local” (p.239). Compreende-se assim que, dentro da cosmovisão africana, regida por leis animista, a natureza e tudo o que ela encerra possuem uma existência material e outra espiritual, sendo, portanto, inseparáveis.
Entretanto, é preciso ter na devida conta que esse, anseio animista de reificação, ou seja, a normalização como algo inerente à realidade objectiva, pode tido uma origem religiosa, mas, de acordo com Garuba (2012, p.244), “os significados sociais e culturais que se associaram aos objectos frequentemente se distanciam de puramente religiosos e adquirem uma existência própria, como parte do processo geral de significação na sociedade”.
De acordo com Petrov (2016), o realismo animista não é mais do que uma vertente dos realismos com componentes insólitas; (…) uma “africanização” tanto do realismo mágico como do realismo maravilhoso (…).
Isto porque, do ponto de vista estritamente narratológico, os realismos em causa incorporam, a par do empírico, o prodigioso e o extraordinário que, mesmo originando situações inexplicáveis do ponto de vista racional, são aceites como fazendo parte integrante das leis da natureza e contribuem para delinear mundos possíveis e coerentes. Trata- se de representações nas quais o racional e o irracional não são percebidos como contraditórios, uma vez que os autores que cultivam os realismos mágico, animista e maravilhoso conseguem criar discursos específicos para definir sociedades radicalmente diferentes dos ocidentais. Do ponto de vista pragmático, os leitores não questionam a fiabilidade dos sujeitos de enunciação porque os critérios da lógica cartesiana não se aplicam às culturas das comunidades retratadas. Em consequência, o papel do narratário é tentar compreender o funcionamento de mentalidades que aceitam a coexistência entre o natural e o sobrenatural de modo pacífico e harmonioso. (Petrov, 2016, pp.100- 101)
Petrov (2016) coloca ênfase no leitor enquanto receptor e enquanto um sujeito que, de um ponto de vista fenomenológico, se constitui como entidade intradiegética (narratário) e não consegue discernir a ficção da realidade. É preciso perceber que, por exemplo em África, não é o sujeito leitor, não são as personagens africanas, incipientes, de Estranhos Pássaros de Asas Abertas,de Pepetela; estes, na verdade oscilam e parecem-se mais com as suas personagens deLueji: o Nascimento de um Império que travam uma discussão de proporções filosófico-existenciais em que Jaime é movido por uma consciência animista e Cândido é dominado pelo racionalismo cartesiano.
Por conseguinte, mesmo o leitor com a configuração de Jaime também oscila entre a consciência cartesiana e a consciência animista e, por vezes, esta última se constitui apenas como uma forma ideológica de resistência. Quer-se com isto dizer que todas essas obras são entendidas como ficção e não seria positivo para os estudantes essa perspectiva fenomenológica.
Referências Bibliográficas
Cassirer, E. (1994). Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana(T. R. Bueno, Trad.). São Paulo: Martins Fontes.
Eco, H.(2011)- A definição da arte(Ferreira,J.M. Trad.). Portugal:Edições 70LDA.
Garuba, H. (2012). Explorações no realismo animista: notas sobre a leitura e a escrita da literatura, cultura e sociedade africana. (E.S. Tarouco, Trad.). Nonada Letras em Revista (n. º19, ano 15), pp. 235-256.http://seer.uniritter.edu.br
Mignolo, W. D. (2021). Desobediência Epistêmica, Pensamento Independente e Liberdade (I. B. VeigaTrad.).Revista X (Vol. 16, n. 1, pp. 24-53). Universidade de Letras do Paraná.(Trabalho original publicado em 2009). ISNN- 1980- 0614
Oliveira, E. S. &Lucin. M. (Janeiro/Março, 2021). O Pensamento Decolonial: Conceitos para Pensar uma Prática de Pesquisa de Resistência. Boletim Historiar, vol. 08, n. 01,p. 97-115.https://seer.ufs.br/index.php/historiar/index
Paradiso, S. R. (jan. 2015). Religiosidade na Literatura Africana: A Estética do Realismo Animista. Revista Estação Literária (Vol.13, p. 268-281). Londrina. https://WWW.uel.br/revistas/uel/index.php/estacaoliteraria/article/view/27067
Pepetela(2016). Lueji: o Nascimento de um Império. Angola: Texto Editores, Lda.
Pepetela (2016). Estranhos Pássaros de Asas Abertas. In M.G. Reis & A. Quino (Orgs.),Pássaros de Asas Abertas – Antologia de Contos Angolanos. Ricardo Neves Produção, Lda. – A.23 Edições.
Petrov, P. (2016). Representações Do Insólito Na Ficção Literária: O Fantástico, o Realismo Mágico e o Realismo Maravilhoso. Nonada: Letras em Revista, (vol. 2, núm. 27) pp.95-106.http://www.redalyc.org