Virgem
Maria
Que teve filhos!
AMÉM…
Eu sonho com as lutas por dentro
e sobre um poema deixo o sangue
à imagem do mundo suposto
com o mesmo tempo com que se cura a fé
Entrego de bandeja as mãos que saúdam a terra
de grutas ardidas
e fechadas por baixo das danças
digo as palavras que me dizem o silêncio cortado
é como abraço o doce incêndio que deflagra a noite
em que nasce a feroz sombra dos homens
No deserto descubro a criação inteira
numa carta que envio com a velocidade de enganos
amo apertado exprimindo o verbo que me afia o fogo escolhido
A PALAVRA ESCRITA
primeiro sinal
se uma ruptura fosse
essa liberdade que te prometo
fosse uma verdade que te nego
se não fosse a ruptura
prometer-te a liberdade
a verdade negar-te-ia
sem nenhum sinal
a distância entre Deus e Diabo
luz e apagão
dia e noite
nenhum sinal de vida
A luz que vem
O escuro que vem
melhor APAGÃO NA TERRA
Eu atravesso os caminhos secos
Com o solo das pessoas estendidas ao chão
ensinando sabedoria ingrata
em tudo o que me falta
Eu guardo tudo o que tem luz por dentro
Como o lume abrupto
que acende as fogueiras do silêncio
os dias como lugar de paixão
Dentro dos homens existe uma via de esquecimento
Que toca como música de voz convencida
Para qualquer praia de ilusão
Por isso, aprendo a chamar o nome das coisas
ADIVINHANDO A PAZ
Na linha férrea
Todas as vezes que sinto a falta do País armado
Por dentro um suicídio aperta-me as mãos trémulas
Caio sem o chão que me segura
Na viagem que faço para a história
A paz é o preço de arroz
Que custa o corpo de mulher em estado de excitação
Mudo de roupa e me estendo ao prazer
De toda a água-abaixo os dizeres das sondas no mar
Voo sem pano o rumor humano da chuva
A música que me encanta os dias
LUGAR ASSIM
Caminhos de Pedra
Pedras de Carvão
Leis no Papel
Cervejas de água
Para construir um País
De