22Abr

pela paisagem presta-se palmas
ao atirador soviético
a ninguém o tempo é
livre no interrogatório
das lentes capturo dor
a rasgar dignidade dos ombros:
.sob mar passeando cínico
.aguada piada nasal
.cordas vocais num fio sufocante
à cabeça mãos sabem
tombar com dançar sem
convite à rodilha

tudo ali é íman
a quem manteiga
transborda-lhe no templo
tudo ali é íman
a quem fotografia
desconta-lhe minutos de vida

é-me familiar este cheiro dor

COREOGRAFIA DA DOR

não se planta
sol em livro todo
se não tão fresco
há círculos zombando céus

não se planta
tufão em livro todo
se não tão virgem
há noites multiplicando morcegos

não se abafa útero
do peito
se não há túmulo
vagueando às madrugadas

não se aborrece vento
do bairro
se não há abandono
nascendo às sombras

se não saborear correntes seculares
invoca livro meteoritos na terra

olhos cospem desertas lágrimas
molduras estupidifiguram ombros
por dentro lábios extraem
futuros com fumaça
sonhos não alcançam sol
gesticulam pulsos entre
relógios regredindo a terra
─ não se faz messias com
recipientes comprando mundo

DESPINDO PÓ LÍTICO NO PALANCA
Atalhos:

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