29Abr

Maria Vaicomtodos De Pernas Abertas

À noite, uma clareza miúda rasgava o breu do céu. A lua, tímida, sorria levemente sob as nuvens negras. Era a aurora mais triste e o anúncio estava feito: o curso dos acontecimentos não era animador. 

29Abr

O Negro Canto Da Terra

Era uma vez, há anos incalculáveis, que se confundiam com a memória tão velha do senhor Deus, nascera num sítio, a que se veio chamar universo, de espantosa beleza, uma menina que era deusa, de formoso e perfumado nome Terra.

29Abr

O Passado Da Sola De Ferro

Na era da proibição das queimaduras da fauna, estavam os bichos e os animais tradicionais iluminados pela inovação do bolo das convivências. Criavam a paixão de ler livros de todo o universo para decifrar o mundo e entender a forma de abrir o fósforo das conflagrações da terra.

29Abr

A Linguagem Do Silêncio

Naquelas bandas de Canjinji, apareceu misteriosamente a verdadeira poesia carnal: rosto deusificado, olhos multicolores, cabelos negros de Kianda e um corpo todo esponjoso. Era a Kayeye, um fogo de mulher, uma criatura perfeita aos olhos humanos.

29Abr

Zengi e a Sereia

Um dia trôpego, ferozmente, avizinhava-se no município do Bembe. As nuvens acordaram magras, desgrenhadas, enrugadas e feias, ameaçando espremer os excitados seios, cujo leite desembocaria numa boa chuvada.

29Abr

ISUNJI

Há nomes que são fogos pendurados na pata da gente. Queimam-nos a cada passo que marcamos. São pragas, carmas, estigmas no corpo, como os seios siameses dum texto que li.

29Abr

As Baladas Poéticas Do Rocha Pinto

Um encontro perigoso entre a vida e morte. São 4:00 da manhã e os donos da energia acabaram de cortar na Avenida 21 de Janeiro, Rocha Pinto, ruas excitadas, mas as mangueiras quase sempre secas. Na rua, o bairro, as casas como se estivessem uma por cima de outra.

29Abr

O Escravo Da Liberdade

No canto das paredes, no esqueleto adjacente da casa, em clima meio embriagado, descia-me a solidão. Os pés aplaudiam a terra como se o peito do pé arrefecesse o equilíbrio das mãos. Sentado, num monólogo ao vento, cantava a canção dos combatentes.

27Abr

O Elefante

No princípio do mundo, um Elefante caçador apanhou cabra do mato. Pensou em vender a carne desse animal. Pelo caminho, cruza-se com o Coelho: – Coelho, estou a vender carne de cabra do mato.

07Abr

A MORTE DO NARRADOR (excerto)

No ano 148 mil paus de canoas, o sol parira a manhã e a sentença do Narrador tinha sido declarada. Como seria possível uma história sem você, Narrador?! Agora quem continuará esta história contar-nos?! Perguntara-lhe Kimbi, que assistia àquele teatro, pavidamente, numa praça à margem do rio-Povo Oceano Pacífico, bem ao pé dos pés do Narrador.